domingo, 8 de janeiro de 2012

Algodões

Sweet Jane dormiu, espaireceu por algum tempo, deixou-se levar pelos raios do verão.
O sol, melado e derretido, bateu-lhe na janela e a obrigou escrever.
Jane deixou a cama, arrastando-se em direção a escrivaninha se sentou com os pés sobre a cadeira.
Papéis, canetas.
Canetas e papéis.
Mais papéis do que canetas, oras, apenas uma caneta basta.
O que escreveria? Este era o dilema. Uma carta talvez. Mas para onde foram as idéias? Abriram-lhe o cérebro enquanto dormia e encheram de chumaços de algodão. Eram fofos e agradava mais do que um cérebro pulsante.
Escreveria a quem? O imaginário de Sweet Jane pensava sobre um rapaz: alto, mas não tão alto; com cabelos escuros, mas não tão escuros; magro, mas não tão magro; com olhos claros, mas não tão claros.
Seria alguém, seria ninguém.
Não escreveria hoje. Deixaria para amanhã.
Deitou-se sobre as folhas de almaço, dormiria de novo, gostava da sensação de algodões tomando o lugar do cérebro, gostava do sono; deixe que a preguiça a leve. Flutue, Jane, você merece muito mais do que esse pessimismo bobo.

3 comentários:

  1. Acho que a Lola escreve também, que nós acabamos nos envolvendo com a história e queremos muito mais sobre Sweet Jane. Conhecer ela e desvendar seus sentimentos.

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  2. Primeira vez que passo por aqui. Adorei o jeito como escreve, quero ler mais histórias sobre a Sweet Jane depois, haha.
    Beijos, www.surtandoedesabafando.blogspot.com

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  3. Me pergunto se você não cansa de escrever bem assim! Não sei o porquê, mas amei esse trecho "Seria alguém, seria ninguém".
    Tudo muito lindo como sempre! Adoro ler as experiências da Sweet Jane *-*
    Beijos ~

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