Bolhas nos mindinhos, grandes, maiores do que o próprio
dedinho. Latejam, doem e fazem com que Sweet Jane aperte os lábios. As
sapatilhas nunca estiveram tão apertadas como naquele dia. Malditas sapatilhas.
Seus pés já não tinham a leveza das plumas como antes,
pesavam. Não eram as bolhas. Era tudo, eram as palavras, os gestos – suas
palavras, seus gestos. Ou talvez os
gestos dele? As palavras dele? De quem? De ninguém, não é mesmo?
Não há ninguém no quarto escuro, o breu que inunda Jane parece emanar de seu peito, mas ela resiste e mantêm os olhos abertos.
Não há ninguém no quarto escuro, o breu que inunda Jane parece emanar de seu peito, mas ela resiste e mantêm os olhos abertos.
Sem poder enxergar Jane levou as mãos à frente, agarrou algo
frio e duro, uma pedra? Maciço como uma, o objeto cabia na palma de sua mão
direita. Tateando a possível pedra com os dedos, tentou imaginar como ela era,
notou as protuberâncias na superfície, pareciam com... Artérias? Mas pedras não
tinham artérias.
Corações é que tem.
Mas corações não cabem na palma da mão, não é Jane?
Alguns cabem. Mas só
os metafóricos.
Porque agora, no escuro, o seu coração – metafórico – talvez
não existisse mais.
Seus olhos antes de tempestade já estavam cobertos pelo
vento e pela chuva. Não havia mais nada que ela pudesse fazer, a não ser
segurar aquela pedra e fitar algo que nunca poderia enxergar.
Contraditório, mas ela queria ver, por isso, andou –
sim, seus passos já não eram de pluma. Sweet Jane achou a porta e abriu, havia
luz, mas não tanta. Um abajur velho piscava sob a mesinha da sala de estar. E
abaixo dele havia um bilhete, a caligrafia tosca de Dear Lewis:
“Por que um corvo se parece com uma
escrivaninha?”
Jane leu, apertou a pedra que ainda segurava na mão direita
e sussurrou:
“Por que uma pedra se parece
com um coração?”
Lindo Lola. “Por que um corvo se parece com uma escrivaninha?”, “Por que uma pedra se parece com um coração?”, porque são enxergados por olhos apaixonados, cheios de amor no coração.
ResponderExcluirhttp://apoesiaestamorrendo.blogspot.com.br/
Oiii linda!
ResponderExcluirtudo bem com você ? Espero que sim !
Você escreve muito bem , PARABÉNS !
Que post incrível , você faz posts incríveis , seu blog é lindo viu ! Tudo por aqui me encanta !
Linda eu estou seguindo o blog !
Retribui ?
www.batom-veermelho.blogspot.com.br
Espero que vá lá , e Fique com Deus & Beijos ♥
Gostei muito das metáforas criadas por você neste conto, e também do tom melancólico e surreal dele. Você tem um dom para unir as palavras, menina. E outra, acho que atualmente, me identifico um pouco com a Jane. Ou talvez seja o meu coração que se identifica um pouco com pedras.
ResponderExcluirBeijos =*
Que linha de raciocínio linda. Adorei o jogo de subjetividades x objetividades que você usou no texto, muito bom! A propósito, o desenho que está aqui na lateral foi você quem fez? Achei lindo.
ResponderExcluirBeijos.
Muito bom. Tocante, e mega bem escrito. Não vou nem dizer que adorei o final, porque metáforas só não são mais bem vindas que surpresas arrebatadoras rs
ResponderExcluirAi caramba, meu comentário foi apagado e não foi enviado. :/
ResponderExcluirMas enfim, vou tentar resumir o que havia escrito:
Você é de uma sensibilidade tremenda, garota. Primeira vez que tive contato com seu blogger e já adorei. Talvez pelo meu olhar meio desprevenido de uma pseudo-pseudoblogueira ou talvez por motivos mais estampados, mas gostei da lacuna que ficou no texto. Da dúvida no ar. Da confusão da personagem. Eu gostei disso.
Abraços.