domingo, 9 de abril de 2017

Drunk Elliot.

Com os cotovelos apoiados no balcão do bar, encontra-se ela, Jane. Devastada pelos devaneios e incomodada com o cheiro de madeira recém envernizada do balcão. O copo americano com cerveja em suas mãos já está quente.

Já tem embriaguez suficiente para uma noite de sono,

embriaguez suficiente para uma vida de decepção.

Ao lado de Sweet Jane senta um rapaz, estatura média, cabelos bem negros e lisos, escorridos até a bochecha, a embriaguez também o acompanha, junto com um cigarro de palha aceso no canto dos lábios, tragou, soprou, sorriu e dialogou:

– Bebendo sozinha?

Um aceno positivo com a cabeça dela

a continuação de um monólogo dele:

– Não acho que eu já tenha te visto aqui. Não acho que eu já tenha te visto em algum lugar, pra ser sincero.

– Eu nunca estive em lugar algum, pra ser sincera.

– Meu nome é Elliot.

– O meu é Jane.

– Só Jane?

– Só Elliot?

Ele ri quase engasgando com a fumaça do próprio cigarro, a gargalhada bêbada, acompanhada de um fechar de olhos faz Jane sorrir.

– Deixa eu te pagar uma cerveja, Jane?

–Eu já preciso ir, Elliot.

– Pra onde, Jane?

– Sei lá eu.

– Quando eu não sei pra onde ir, tento beber até que eu descubra.

– E se você nunca descobrir?

- Nunca não é o termo correto, sempre há pra onde ir, nem que seja pro hospital.

Outras gargalhadas vieram,
outros copos de cerveja também vieram.

As sapatilhas tontas de Sweet Jane quase a fazem cair quando a mesma tenta se levantar, Drunk Elliot segura-a pelos ombros.

– Ei, Jane, vamos descobrir pra onde ir. – Elliot em pé é algum centímetro mais baixo que Jane, ele tem os olhos grandes e a barba falhada.

– Pra onde as pessoas perdidas vão? – Questiona Jane.

– Pro inferno talvez.

– Só por que estão perdidas?


– É que é um inferno estar perdido. 

Um comentário:

  1. Que delícia meu primeiro encontro com seu blog. Leve, de fácil leitura, de fácil compreensão e for. envolvente também. me deparei com vários Elliots, e também com várias Janes. Os ceús sabem que já fui hora um hora outro. mas ver os dois juntos, com tamanha maestria me faz sentir falta de beber até acha um destino.

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