quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Manteiga e pão; pão e manteiga

A chuva ricocheteando na janela, mas nada tirou a atenção de Sweet Jane de seu pão com manteiga. Nem a porta que escancarou subitamente.
Não iria desviar seu olhar da faca cortando precisamente o pão pela metade. Mas foi preciso fazê-lo. Teve de fitar o rapaz que adentrara no apartamento pelo menos por alguns segundos.

Dear Lewis e seus olhos pseudo-sóbrios, casacos pseudo-novos e cabelos pseudo-molhados, mas ao menos não havia pseudo em seu sorriso.
Jane se voltou para o pão em sua mão pálida, observou a manteiga grudar sobre a faca e escorregar até a massa torrada.
Lewis dialogava com o silêncio – Sweet Jane não perguntara, mas, ele falava sobre seu dia. Os orbes tempestuosos de Jane averiguavam o quanto era preciso para que a manteiga cobrisse toda a superfície do pão, deslizou a faca mais uma vez sobre o pote.

- É tão impossível assim conseguir sua atenção? - Dear Lewis a interrompeu. Pousou suas mãos não tão grandes sobre o rosto de Jane, fazendo com que finalmente ela o fitasse.

Sweet Jane deixou que a faca escapasse por entre os dedos de alfinete – sujando um deles de manteiga, controlou as cordas vocais que a muito não dialogavam, vasculhou o cérebro a procura de algo, a voz rouca emergiu:

- Coisas só são impossíveis se você acreditar que são. - E levou seu dedo sujo até o nariz de Dear Lewis.

- Então pode fingir por alguns instantes que sou a manteiga?

2 comentários:

  1. “Então pode fingir por alguns instantes que sou a manteiga?” <<< AUSHASUAHSUA
    Caramba, pensei que esse post de Pão era em homenagem ao PEETA AUSHAUS

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  2. Ai Deus, que amor!!! To impressionada com o quanto sua escrita está evoluindo! Parabéns!

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