Seus dedos úmidos percorrem a borda das xícaras, duas, postadas lado a lado sobre a mesa de madeira descascada.
Sweet Jane e seus tempestuosos orbes fitam o conteúdo da primeira xícara: o líquido negro e esfumado, refletindo suas sobrancelhas finas erguidas em uma expressão indecifrável.
Indecifrável. Não há sinônimos.
A tempestade (ou apenas os olhos de Jane, como preferir) volta-se para a segunda xícara: não tão escuro, não refletindo suas sobrancelhas com precisão. Incerto.
Jane, ao observá-los, sente o sabor do primeiro. O amargo percorre-lhe a garganta, roça em sua língua, explode no céu de sua boca. Ela enxerga a plateia que acena para que ela o beba.
Pressionando-a. Limitando-a.
E se ela preferisse a segunda?
E se não preferisse nenhuma das duas?
Não há mais porque protelar.
Cansada. Perdida. Sweet Jane abandona suas xícaras, sua mesa.
Quer mesmo é abandonar tudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário