Sem pauta. A folha estirada sob a mesa era branca como os
dedos languidos e finos como alfinete de Jane. Desta vez ela escreveria.
Desta vez.
Não era uma carta. Era algo. Sem rótulos, sem sinônimos.
Sweet Jane segurava a caneta fria e prateada entre os dedos
finos, sentiu a espessura da caneta por alguns segundos. Lentamente, ela
reclinou-se, encolheu-se. Fitou o papel inúmeras vezes antes de finalmente
pousar as mãos pálidas sobre ele. A primeira letra fora escrita vagarosamente,
e ela deixou que eu transcrevesse:
“Teus. Tuas, sua, seus
lábios finos encaram-me de maneira zangada,
lábios encaram? Assim como teus olhos agora sorriem.
Como sorriam? Se zangam-se tão rápido como incendeiam-se?
Que confusão
mas agora tuas mãos, que timidamente envolvem as minhas,
não, não as envolva. Não me envolva.
Por favor.
E então sua respiração e seu cheiro, acariciam-me
ilicitamente,
tão ilícito quanto à forma que me seguras.
Não me segure, escaparei tão rápido quanto água entre os
dedos.
Mas, deixo-me em seus braços se você deixar-me tê-lo nos
meus,
sem que você escape.
Sem que você tenha medo.
Pare de me confundir. Por favor.
Obrigada.
Jane”
fico muito feliz por teres gostado das minhas palavras! passa lê-las todas as vezes que quiseres. é muito bom saber-mos que gostam de nos ler, e olha, não ficas nada atrás de mim - também escreves muito bem! um beijinho e um obrigada :)
ResponderExcluirQue divertido, lindo, fofo! Adorei e quero mais. E é incrível a capacidade que algumas pessoas tem de nos confundir, né? <3
ResponderExcluirAchei criativo. Quer dizer, pelo título eu esperava uma mini aula de português...rs e, acabei lendo um conto com um poema embutido. Muito bom. ▧ Emilie Escreve ▧
ResponderExcluirSenti falta de sweet Jane e dos textos criativos e que sempre abrem um leque enorme de interpretações, rs. Mas já estou de volta para lê-los sempre que puder ;)
ResponderExcluirBeijão.