Um corredor, estreito, longo e pseudo-interminável, feito de
azulejos do chão ao teto, brancos como alabastro.
Sweet Jane tem os pés descalços, as unhas desfeitas e uma
ferida no ombro.
Ela fita o corredor, no final dele uma porta. A porta negra
como o fundo do seu âmago.
Sweet Jane precisa andar até ela, dê um passo Jane.
E deu.
As vezes dar um passo
é o mesmo que afogar-se, as águas entram por todos os seus poros, infiltram,
sufocam. Até que não tenha mais nada. Esfolam cada parte do seu ser, até não
haja mais...
Não haja mais? Não existe mais nada para haver.
Então Jane correu.
Pés batendo contra azulejo, braços sacudindo contra o
próprio corpo, cabelos que já não tinham mais cachos de uva desgrenhando-se com
o desespero, e os olhos vermelhos como o gosto de ferrugem da ferida. Vermelhos como o gosto?
Não havia ferida no ombro.
Parou em frente à porta, apoiando os braços magros na
superfície fria e preta, Sweet Jane ofegava.
“Onde estou?” o que há atrás da porta?
“Não abra” você precisa abrir.
“O que há atrás da porta?” quem está atrás da porta.
E abriu.
Não há nada.
“Onde está Dear Lewis?”
Não.
Há.
Nada.
Só Jane, seu desespero e sua ferida no ombro.
A ferida não está no ombro.
Onde está a ferida?
“Eu sou a ferida.”
Vermelha, densa e fria. Eu sou a ferida.
Gostei! Tenho um blog e gosto de conhecer outras formas de expressões de escrita e inspirações.
ResponderExcluirQue cantinho tão bonito!
ResponderExcluirBeijinhos da nês
http://incontro-verso.blogspot.pt