quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Uma Desautobiografia

O que sou eu? Ou quem sou eu?

Ou o certo seria o que restou do que era eu?

restou?

Não sei, mudei tanto desde essa manhã.

Não existem mais as escamas de proteção do meu ser,
que não é.

Não sou adjetivo, substantivo, idade ou cidade, mas sou pecado,
sou preguiça.

Não foi sempre assim.

Que querem agora saber quem sou eu, se não resta nada além dos trapos e retalhos do que uma fez fui.
Resto de ossos e vísceras dilaceradas de uma vez ser.

“Quem é você?”

Já disse que não sou quem. Sou o que. O que restou do quem.
O buraco tão negro quanto à peste, doloroso, epidêmico.
epidemia do ser.

Não sou mais. Não sei ser,
já fazem uns meses.

E ninguém sabe por que.

Saber sabe. Só não sente, não vê.
Não crê.

Cansei de ser.

Não quero mais!

Já mudei tanto desde essa manhã.
E não pergunte mais.

ATT

            Jane.

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