quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Suor, cervejas e manteiga


O suor escorrendo-lhe pelas costas, a franja castanha grudando-lhe na testa.
Uma ligação. Sweet Jane não sabia por que ele queria assustá-la tanto. Ele a fizera correr daquela forma. Passando pelas ruas cinzas, com suas calçadas e casas também cinzentas.
Por Deus, não chegaria nunca? O único sobrado amarelo em meio das casas apagadas. O único tom alegre.

Um ofego. Outro alívio.

Chegara. A porta estava aberta, o cheiro de cerveja pairava no ar, Jane fitou o recinto, seus olhos demoraram a acostumar com o tenso breu. Quanto tempo uma luz não era acesa naquele lugar?

Um nome. Uma pergunta:

- Jane?!

Sem resposta.

Sweet Jane preferiu planar com suas sapatilhas pelos azulejos em silêncio. Fitou-o debruçado no sofá, Dear Lewis tentava – não conseguindo – segurar uma garrafa de cerveja, o liquido escorria pelos dedos largos do rapaz, manchando todo o tapete abaixo dele.
“Por isso o desespero...” Pensou Jane, sim ela pensara e deixara-me escrever. Ela andou tropeçando nas inúmeras taças, garrafas e embalagens, sujando suas sapatilhas. E de que adiantaria ligar para isso agora?

Dear Lewis por outro lado não pensara, nem mesmo movera um músculo da posição fetal que se encontrava no sofá gigantesco, sentira a presença dela, da sua Jane. Seu olfato reconhecia a canela e os cigarros do cheiro que seu Doce trazia consigo, o contraste que sua garota dava ao meio daquela sujeira. Lewis moveu-se pela primeira vez, levantando a mão que já desistira de segurar a garrafa e agora procurava por ela.

Os olhos tempestuosos fitaram o suplico das mãos do rapaz, Jane não podia deixá-lo naquele estado. Aproximou-se de Lewis, passou seus dedos de alfinete pelos cabelos lisos e louros, puxou-os timidamente, levantando o pescoço dele com a outra mão. Ele se aninhou nas coxas dela.

Um sussurro:

- Finalmente sou a manteiga?

Uma onomatopeia e um auto-convite:

-Shhh. Vou ficar aqui.

5 comentários:

  1. Nossa, você escreve muito bem, adorei, cheio de detalhes, muito bom mesmo.

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  2. Não sei se era o objetivo MESMO do texto, mas eu achei fofo heheh
    E ao mover-se sobre o azulejo, a imaginei não apenas andando, mas dançando como bailarina :)

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  3. Lola, você tem um subjetivismo incrível. Creio não ter ninguém que escreva parecido com a sua forma. É tão original, que li o texto debaixo também.
    Seguirei o seu monólogo, assim como fizera com o meu!

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  4. Acabou de ganhar uma nova seguidora, vou acabar lendo todos os textos. Muito obrigada pela visita do meu blog.
    Apareça sempre que puder. :*

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